Artrose: genética ou estilo de vida?
- Luis Lucena
- 18 de out.
- 4 min de leitura

A artrose (ou Osteoartrite) é uma das principais causas de dor, limitação de movimento e impacto na qualidade de vida.
Muitos pacientes me perguntam: “A artrose é culpa dos meus genes ou dos meus hábitos?” A resposta é clara: é uma combinação de ambos.
Neste artigo, explico como a herança genética e o estilo de vida interagem, e o mais importante: o que você pode fazer para proteger suas articulações.
A influência da genética
Estudos clássicos com gêmeos estimam que a influência genética na osteoartrite pode variar entre cerca de 39 % a 65 % para articulações como joelho e mão.
Em outras análises, foi estimado que fatores familiares (genes + ambiente familiar) respondem por aproximadamente 68 % da variação no risco de artrose de quadril em alguns grupos.
Pesquisa mais recente revela que há centenas de loci genéticos associados à osteoartrite — ou seja, diversos genes participam do risco.
Portanto, se você tem histórico familiar de artrose ou alterações anatômicas articulares (por exemplo: displasia do quadril), seu risco tende a ser maior.
Conclusão: Ter predisposição genética aumenta a probabilidade de desenvolver artrose, mas isso não determina que você com certeza irá desenvolver — e tampouco define quão grave será.
Artrose genética ou estilo de vida: o que realmente pesa?
Embora a genética exerça influência, o estilo de vida tem impacto real e significativo — e é onde podemos agir.
Peso corporal e sobrecarga mecânica
O sobrepeso ou obesidade são fatores de risco fortes para artrose, especialmente de joelho.
Aumento de carga mecânica nas articulações de sustentação (como joelho e quadril) acelera desgaste da cartilagem.
Mas não se trata apenas de peso: mesmo articulações não carregadoras podem ser afetadas em obesidade, sugerindo mecanismos metabólicos e inflamatórios.
Atividade física, impacto e fortalecimento
Lesões anteriores, sobrecarga repetitiva ou esportes de alto impacto podem favorecer o aparecimento de artrose.
Por outro lado, sedentarismo é ruim: musculatura fraca e apoio articular comprometido aumentam risco de desgaste.
Há evidência de que pessoas com estilo de vida saudável têm risco significativamente menor de desenvolver artrose, mesmo entre aquelas com alto risco genético. Um estudo recente mostrou que, comparado a estilo de vida desfavorável, estilo de vida favorável reduziu o risco de artrose em todos os estratos genéticos.
Outros fatores de estilo de vida
Idade e sexo também são fatores não modificáveis importantes. A artrose é mais comum com o envelhecimento. Organização Mundial da Saúde+1
Fatores ocupacionais ou anatômicos (ex: alinhamento, displasia, trauma) também operam como vítimas ou aceleradores. PMC+1.
Genética e estilo de vida: uma combinação que importa
Se você tem artrose, não há necessidade de culpa: tanto genes quanto estilo de vida podem estar envolvidos.
O lado positivo é que, apesar da genética, você tem controle real sobre muitos fatores de risco — e isso faz diferença.
Em outras palavras: “genética” é a mão de cartas que você recebeu — “estilo de vida” é como você joga com essas cartas.
Como prevenir o desgaste articular
Aqui estão orientações práticas, que aplico no consultório, e que combinam com a missão de devolver autonomia, aliviar dores e preservar qualidade de vida.
✅ Movimente-se com inteligência
Pratique exercícios de fortalecimento muscular (especialmente de membros inferiores e core) para melhorar o suporte articular.
Inclua atividades de baixo impacto (como caminhada, hidroginástica, bicicleta) se houver dor ou limitação.
Evite cargas muito altas ou impacto excessivo sem preparo — especialmente se há lesão antiga ou desgaste já presente.
✅ Controle de peso e composição corporal
Manter o peso corporal adequado reduz a carga mecânica e a influência de processos metabólicos associados à artrose.
Se houver sobrepeso, mesmo uma redução moderada pode ter impacto positivo no desgaste articular.
✅ Cuide da musculatura e do “apoio” das articulações
Músculos fortes atuam como amortecedores do impacto e estabilizadores das articulações.
Programa de reabilitação ou fortalecimento orientado (por fisioterapeuta ou profissional especializado) pode fazer diferença.
✅ Regularização de fatores de risco associados
Evite lesões repetitivas ou movimentos com impacto elevado sem supervisão.
Se você teve trauma articular (como entorse grave, ruptura de ligamento, cirurgia), mantenha acompanhamento para prevenção de sequela.
Busque avaliação ortopédica se há dor persistente, rigidez ou limitação funcional.
Como médico, avalio cada paciente com olhar técnico e humano: movimento é vida. Se você enxerga suas articulações como peças importantes da sua liberdade de viver, para trabalhar, brincar, caminhar, correr, então vale adotar uma postura ativa agora. Porque a genética você não muda. Mas os seus hábitos, sim.
Se você sente dor, percebe limitação ou quer prevenir o desgaste articular, estamos juntos nessa jornada. Agende sua consulta no consultório e vamos definir um plano personalizado para você permanecer forte, móvel e com qualidade de vida.
Porte esta frase como lema: Não é só sobre tratar — é sobre preservar autonomia, cuidar do corpo e viver em movimento.
Referências / Fontes
“Risk factors for osteoarthritis: genetics” — PubMed. PubMed
“Occupational and genetic risk factors for osteoarthritis: A review.” PMC
“Associations of healthy lifestyle and genetic susceptibility with risks of osteoarthritis.” PubMed
“Obesity-Related Knee Osteoarthritis—Current Concepts.” PMC
“Osteoarthritis — Fact sheet.” Organização Mundial da Saúde
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